terça-feira, 25 de dezembro de 2012


Natal 
Is 62,11-12; Tt 3,4-7; Lc 2,15-20

Embora nos atenhamos aqui aos textos da Missa de Natal da aurora, a reflexão fica válida para qualquer horário desta Solenidade.

1) Eis que está chegando o teu Salvador (Is 62,11-12)
O profeta Isaias manda avisar a Sião (Jerusalém) a proximidade da salvação. Embora o profeta Amos tenha avisado que Jerusalém mereceria, por sua perversidade, a devastação (Am 2,5), e o próprio Isaias conheça a necessidade de ser punida e purificada a cidade eleita e abençoada por Deus, ele, Isaias, sabe formular a vitória definitiva da misericórdia sobre a justiça justiceira. Há “um resto, os remanescentes” após a purificação, e estes “serão chamados santos” (Is 4,3-5; cf. 28,16), cuja “confiança não será abalada”.
Isaias ainda não pode ver as maravilhas do Natal. Mas, neste dia, a Igreja não hesita em citar o profeta e identificar-se com a cidade abençoada: “Dizei a Sião: Eis que está chegando o teu Salvador, com a recompensa..., com o prêmio... O povo será chamado Povo santo, os Resgatados do Senhor; tu serás chamada Desejada, Cidade nunca abandonada” (Is 62,11s).

2) Não nos salvou nossa justiça, mas a Sua misericórdia (Tt 3,4-7)
Em sua carta a Tito, São Paulo resume magistralmente o mistério do Natal, como fundamento de todos os sacramentos. Tudo está contido neste inefável evento: Deus feito homem para nos salvar. A santidade da Igreja e a divina força de cada sacramento, tudo brotará deste mistério: Deus se fez homem para nos salvar. Para cada alma individualmente vale o que é dito sobre a grande história da salvação: “Ele salvou-nos (salva-nos) não por causa dos atos de justiça que tivéssemos praticado, mas por sua misericórdia, quando nascemos e fomos renovados no batismo pelo Espírito Santo... por meio de nosso Salvador Jesus Cristo” (3,5s).
Logo em seguida, a carta a Tito continua com uma orientação prática para o nosso louvor a Deus no Natal: “Os que abraçaram a fé em Deus se esforcem por se aperfeiçoar na prática do bem” (3,8).

3) Voltaram, glorificando e louvando Deus (Lc 2,15-20)
Deus não precisa da prepotência dos poderosos. Mas tão pouco ele precisa da agitação de pobres revoltados e seduzidos por líderes mentirosos para “ideais” subversivos. Deus, antes de tudo, quer subverter todas as más categorias do mundo. “Um anjo do Senhor apareceu aos pastores e a glória do Senhor refulgiu ao redor deles” (Lc 2,9). Eles devem levantar seu olhar da fadiga cotidiana e descobrir o fulgor de Deus que os cobria, não só aos anjos, mas também a eles. Então foram dignos de ir até o presépio do Filho de Deus. “Com grande pressa foram, e acharam Maria e José e o menino deitado na manjedoura” (17). Adoraram o que Deus lhes tinha revelado. Só assim, com uma alma renovada e com a mente repleta do esplendor do menino nascido, eles eram feitos testemunhas primordiais das maravilhas do Senhor para o mundo todo.
Associemo-nos aos pastores, ao voltarmos da liturgia do Natal para nossas casas e nossos trabalhos: “Voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus, por tudo o que tinham ouvido e visto, e que estava de acordo com o que lhes fora dito” (20).

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