Natal
Is 62,11-12; Tt 3,4-7; Lc
2,15-20
Embora
nos atenhamos aqui aos textos da Missa de Natal da aurora, a reflexão fica
válida para qualquer horário desta Solenidade.
1) Eis que está chegando o teu
Salvador (Is 62,11-12)
O profeta Isaias manda
avisar a Sião (Jerusalém) a proximidade da salvação. Embora o profeta Amos
tenha avisado que Jerusalém mereceria, por sua perversidade, a devastação (Am
2,5), e o próprio Isaias conheça a necessidade de ser punida e purificada a
cidade eleita e abençoada por Deus, ele, Isaias, sabe formular a vitória
definitiva da misericórdia sobre a justiça justiceira. Há “um resto, os
remanescentes” após a purificação, e estes “serão chamados santos” (Is 4,3-5;
cf. 28,16), cuja “confiança não será abalada”.
Isaias ainda não pode ver
as maravilhas do Natal. Mas, neste dia, a Igreja não hesita em citar o profeta
e identificar-se com a cidade abençoada: “Dizei a Sião: Eis que está chegando o
teu Salvador, com a recompensa..., com o prêmio... O povo será chamado Povo santo,
os Resgatados do Senhor; tu serás chamada Desejada, Cidade nunca abandonada”
(Is 62,11s).
2) Não nos salvou
nossa justiça, mas a Sua misericórdia (Tt 3,4-7)
Em sua carta a Tito, São
Paulo resume magistralmente o mistério do Natal, como fundamento de todos os
sacramentos. Tudo está contido neste inefável evento: Deus feito homem para nos
salvar. A santidade da Igreja e a divina força de cada sacramento, tudo brotará
deste mistério: Deus se fez homem para nos salvar. Para cada alma individualmente
vale o que é dito sobre a grande história da salvação: “Ele salvou-nos
(salva-nos) não por causa dos atos de justiça que tivéssemos praticado, mas por
sua misericórdia, quando nascemos e fomos renovados no batismo pelo Espírito
Santo... por meio de nosso Salvador Jesus Cristo” (3,5s).
Logo em seguida, a carta
a Tito continua com uma orientação prática para o nosso louvor a Deus no Natal:
“Os que abraçaram a fé em Deus se esforcem por se aperfeiçoar na prática do
bem” (3,8).
3) Voltaram,
glorificando e louvando Deus (Lc 2,15-20)
Deus não precisa da
prepotência dos poderosos. Mas tão pouco ele precisa da agitação de pobres
revoltados e seduzidos por líderes mentirosos para “ideais” subversivos. Deus,
antes de tudo, quer subverter todas as más categorias do mundo. “Um anjo do
Senhor apareceu aos pastores e a glória do Senhor refulgiu ao redor deles” (Lc
2,9). Eles devem levantar seu olhar da fadiga cotidiana e descobrir o fulgor de
Deus que os cobria, não só aos anjos, mas também a eles. Então foram dignos de ir
até o presépio do Filho de Deus. “Com grande pressa foram, e acharam Maria e
José e o menino deitado na manjedoura” (17). Adoraram o que Deus lhes tinha
revelado. Só assim, com uma alma renovada e com a mente repleta do esplendor do
menino nascido, eles eram feitos testemunhas primordiais das maravilhas do
Senhor para o mundo todo.
Associemo-nos aos
pastores, ao voltarmos da liturgia do Natal para nossas casas e nossos
trabalhos: “Voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus, por tudo o
que tinham ouvido e visto, e que estava de acordo com o que lhes fora dito”
(20).
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