domingo, 13 de maio de 2012

6º Domingo da Páscoa


 

At 10,25-26.34-35.44-48; 1Jo 4,7-10; Jo 15,9-17

1) Deus não faz acepção de pessoas (At 10,25-26. 34-35. 44-48)
Não há outro título diante de Deus do que temê-Lo santamente, procurar ser justo e beneficiar os pobres. O Centurião romano, um pagão, mas certamente simpatizante da pureza e sublimidade do autêntico judaísmo, “orava a Deus constantemente, e dava muitas esmolas” (10,2). Enquanto rezava, pela nona hora (3) – hora de oração dos judeus – o Anjo do Senhor lhe apareceu, para encaminhá-lo para a salvação em Jesus.
Quando Pedro chegou, Cornélio “prostrou-se aos seus pés para adorá-lo” (25). Pedro recusa tal veneração, porque ele se sabe um pobre servidor e, neste momento, o enviado de Deus. A única coisa que Pedro tem é o mandato do Senhor Jesus, de ser “testemunha” da Sua Páscoa, de “proclamar” a ressurreição e de “dar testemunho de que Jesus é constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos” (41-42). – Todo esse acontecimento foi manifestação da absoluta graça de Deus, da qual divina graça, nesta hora, Pedro e Cornélio se tornaram sinais e cooperadores. E Pedro foi o primeiro a afiliar gentios à Igreja, sem exigir que passassem pelo judaísmo.

2) O amor vem de Deus (1Jo 4,7-10)
Toda a abertura de Deus para com o mundo, toda a sua revelação se resume nesta palavra: “Deus é amor” (8). Deus não é amor somente em si mesmo, em sua eterna Trindade, mas Ele vem a nós como amor e torna-nos capazes de entrarmos neste divino mistério e de irradiarmos o Seu divino amor ao próximo. O seu supremo ato de amor é o envio de seu eterno Filho como Salvador nosso. E, em cada gesto generoso e desinteressado cristão, Deus, divina fonte, abençoa e fortifica nosso ser e agir. “O amor vem de Deus, e todo o que ama é nascido de Deus e conhece Deus” (7).

3) “Que minha alegria esteja em vós!”  (Jo 15,9-17)
A grandiosa imagem da videira (Jo 15,1-8) tem sua analogia no Antigo Testamento. O Salmo 79(80), 9-12 diz que o povo eleito era “uma vinha”; Deus tirou-a do Egito, expulsou nações para plantá-la; preparou o terreno... Ficou grande a vinha, mas sem frutos verdadeiros, e foi devastada. Somente em Jesus, a humanidade pode ser santa, pode frutificar verdadeiramente para Deus. “Aquele que permanece em mim e eu nele produz muito fruto, porque, sem mim, nada podeis” (15,5).
Esta imagem expressa-se o mais sublime conteúdo da existência cristã: a videira é Jesus, e nós somos membros vivos, ramos férteis n’Ele: “Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa” (11). Se já humanamente a alegria eleva o ser humano a um nível superior, quanto mais isto é verdade se a alegria, que em nós trazemos, é realmente a alegria do próprio Cristo ressuscitado. Ele vive em nós e deixa Sua alegria transbordar para nós. Pode haver algo mais sublime do que trazer em si a alegria de Jesus, o Redentor ressuscitado? Tal divina intimidade entre Jesus, Filho de Deus, e nós ainda se expressa na sua amizade, que Ele nos oferece como infalível penhor da glória eterna com o Deus três vezes Santo. “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai” (15). – Mas esta vida, que brota da íntima união de Jesus com o Pai, deve tornar-se em nós início da comunhão mística com Deus, já vivida –sob as sombras da vida mortal – agora neste mundo, e o início de um vivo transbordar em forma de respeito, estima e amor fraternos. “O que vos mando é que vos ameis uns aos outros” (17).

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