At 10,25-26.34-35.44-48; 1Jo 4,7-10; Jo 15,9-17
1) Deus
não faz acepção de pessoas (At 10,25-26. 34-35. 44-48)
Não há outro título
diante de Deus do que temê-Lo santamente, procurar ser justo e beneficiar os
pobres. O Centurião romano, um pagão, mas certamente simpatizante da pureza e
sublimidade do autêntico judaísmo, “orava a Deus constantemente, e dava muitas
esmolas” (10,2). Enquanto rezava, pela nona hora (3) – hora de oração dos
judeus – o Anjo do Senhor lhe apareceu, para encaminhá-lo para a salvação em
Jesus.
Quando Pedro chegou,
Cornélio “prostrou-se aos seus pés para adorá-lo” (25). Pedro recusa tal
veneração, porque ele se sabe um pobre servidor e, neste momento, o enviado de
Deus. A única coisa que Pedro tem é o mandato do Senhor Jesus, de ser
“testemunha” da Sua Páscoa, de “proclamar” a ressurreição e de “dar testemunho
de que Jesus é constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos” (41-42). – Todo
esse acontecimento foi manifestação da absoluta graça de Deus, da qual divina
graça, nesta hora, Pedro e Cornélio se tornaram sinais e cooperadores. E Pedro foi
o primeiro a afiliar gentios à Igreja, sem exigir que passassem pelo judaísmo.
2) O amor vem de Deus (1Jo 4,7-10)
Toda a abertura de Deus para
com o mundo, toda a sua revelação se resume nesta palavra: “Deus é amor” (8).
Deus não é amor somente em si mesmo, em sua eterna Trindade, mas Ele vem a nós
como amor e torna-nos capazes de entrarmos neste divino mistério e de
irradiarmos o Seu divino amor ao próximo. O seu supremo ato de amor é o envio
de seu eterno Filho como Salvador nosso. E, em cada gesto generoso e
desinteressado cristão, Deus, divina fonte, abençoa e fortifica nosso ser e
agir. “O amor vem de Deus, e todo o que ama é nascido de Deus e conhece Deus”
(7).
3) “Que minha alegria esteja em
vós!” (Jo 15,9-17)
A grandiosa imagem da
videira (Jo 15,1-8) tem sua analogia no Antigo Testamento. O Salmo 79(80), 9-12
diz que o povo eleito era “uma vinha”; Deus tirou-a do Egito, expulsou nações
para plantá-la; preparou o terreno... Ficou grande a vinha, mas sem frutos
verdadeiros, e foi devastada. Somente em Jesus, a humanidade pode ser santa,
pode frutificar verdadeiramente para Deus. “Aquele que permanece em mim e eu
nele produz muito fruto, porque, sem mim, nada podeis” (15,5).
Esta imagem expressa-se o
mais sublime conteúdo da existência cristã: a videira é Jesus, e nós somos
membros vivos, ramos férteis n’Ele: “Disse-vos essas
coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa”
(11). Se já humanamente a alegria eleva o ser humano a um nível superior,
quanto mais isto é verdade se a alegria, que em nós trazemos, é realmente a
alegria do próprio Cristo ressuscitado. Ele vive em nós e deixa Sua alegria
transbordar para nós. Pode haver algo mais sublime do que trazer em si a
alegria de Jesus, o Redentor ressuscitado? Tal divina intimidade entre Jesus,
Filho de Deus, e nós ainda se expressa na sua amizade, que Ele nos oferece como
infalível penhor da glória eterna com o Deus três vezes Santo. “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz
seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de
meu Pai” (15). – Mas esta vida, que brota da íntima união de Jesus com o
Pai, deve tornar-se em nós início da comunhão mística com Deus, já vivida –sob
as sombras da vida mortal – agora neste mundo, e o início de um vivo
transbordar em forma de respeito, estima e amor fraternos. “O que vos mando é que vos ameis uns aos outros”
(17).
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